Chinesa State Grid leva principal lote no maior leilão de energia do Brasil

Companhia arrematou lote de linhas de transmissão, com investimentos previstos de R$ 18 bilhões

Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
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Eng. Elet. vanderlei felisberti

A State Grid arrematou o principal lote no maior leilão de energia da história do Brasil. A gigante chinesa ofertou o deságio mais alto para construir linhas de transmissão nos estados do Maranhão, Tocantins e Goiás. Sozinho, o projeto prevê investimentos de mais R$ 18 bilhões.

O leilão ocorreu nesta sexta-feira (15), na sede da B3, em São Paulo. Os outros dois lotes em disputa foram arrematados pelo consórcio brasileiro Olympus XVI e pela espanhola Celeo. A Eletrobras também participou do certame, mas não ganhou nenhum ativo.

Somados, os três lotes contratam R$ 21,7 bilhões em investimentos para reforçar o transporte de energia no país. Os ativos são disputados com base na proposta com maior deságio da RAP (Receita Anual Permitida Contratada). Vencem os grupos que ofereceram o maior desconto para operar as linhas de transmissão.

Torre de transmissao em Minas Gerais; leilão reforça rede de transporte de energia do Norte-Nordeste para o Sudeste – 22.10.22 – Rodney Costa/Zimel Press/Agencia O Globo

Para o primeiro lote, a State Grid ofertou R$ 1,9 bilhão, o que representa um deságio de 39,9%. O bloco de projetos foi subdividido em quatro sublotes. A disputa poderia ocorrer de duas formas: oferta pelo lote inteiro ou por cada pedaço. A State Grid foi a única que fez lance para arrematar o lote inteiro.

Nas ofertas por sublotes, a chinesa participou ao lado de um único concorrente: o consórcio brasileiro Olympus XVI, formado pela Alupar e pelo grupo de investimentos Mercury.

Embora o consórcio tenha ofertado deságios maiores em alguns sublotes, o valor agregado dos quatro pacotes ficou acima do lance que a State Grid fez para arrematar o bloco inteiro, por isso o ativo ficou com a chinesa.


O Olympus XVI arrematou o segundo lote do leilão, ofertando R$ 239,5 milhões, o que representa um deságio de 47%. O consórcio disputou o ativo com outras duas proponentes: Eletrobras e FIP Warehouse.

O projeto prevê investimentos de mais de R$ 2,5 bilhões com a construção de linhas de transmissão nos estados de Goiás, Minas Gerais e São Paulo.

A empresa vencedora do terceiro lote foi a espanhola Celeo. O ativo contou com quatro grupos interessados, que enviaram suas propostas por envelope. Participaram o grupo espanhol Celeo, a Eletrobras, o Consórcio Olympus XVI e a espanhola Acciona.

As duas melhores propostas enviadas por envelope foram da Celeo e da Eletrobras, que seguiram para a etapa viva-voz (quando os interessados vão disputando lance a lance). Após dez rodadas, a Celeo arrematou o bloco, ofertando R$ 101,2 milhões (deságio de 42,39%).

Com investimentos previstos em R$ 1 bilhão, o projeto é para construir linha de transmissão ligando Minas e São Paulo.

De acordo com a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) o objetivo do certame era aumentar a interligação entre as regiões Norte e Nordeste com as demais regiões do país, de modo a ampliar a capacidade de escoamento de excedentes de geração.

Atualmente, a geração eólica e solar no Nordeste excede o consumo, a ponto de algumas usinas precisarem parar a produção por não terem para onde enviar a energia.

No leilão desta sexta foram oferecidos três lotes em cinco estados —Goiás, Maranhão, Minas Gerais, São Paulo e Tocantins— para a expansão de 4.471 quilômetros de novas linhas, acompanhadas de reforço de subestações e conexões com o SIN (Sistema Interligado Nacional).

No leilão desta sexta, foi contrato um sistema especial de transmissão, em corrente contínua, denominado HVDC. O modelo é diferente de pacotes concedidos recentemente. A especificidade da tecnologia torna o sistema mais caro que o convencional, em corrente alternada, o que explica os investimentos recordes em número pequenos de lotes.

O tipo de sistema leiloado faz sentido apenas para grandes distâncias e grande potência, permitindo maior controle do fluxo de energia elétrica entre as regiões, com alta confiabilidade e menores perdas.

A tecnologia já é conhecida e aplicada no Brasil. É utilizada para escoar a geração de Itaipu (PR), Belo Monte (PA), Jirau (RO) e Santo Antônio (RO).

Este é o segundo megaleilão de energia do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em junho foram oferecidos nove lotes em sete estados, com previsão de R$ 15,7 bilhões em investimentos para construção de 6.184 quilômetros de linhas de transmissão e subestações.

Já está prevista a realização de outro certame, em março do ano que vem, quando serão ofertados 15 lotes para a construção de 6.460 quilômetros de linhas e novas subestações, a um investimento estimado em R$ 18,2 bilhões.

Colaborou Alexa Salomão