A manutenção dos transformadores de distribuição até a classe de tensão de 36,2kV
A manutenção dos transformadores de distribuição até a classe de tensão de 36,2kV
A NBR 7036 de 02/2022 – Recebimento, armazenagem, instalação e manutenção de transformadores de distribuição até a classe de tensão de 36,2 kV, imersos em líquido isolante especifica os requisitos para o transporte, recebimento, armazenagem, montagem, instalação, comissionamento, energização e manutenção de transformadores de distribuição imersos em líquido isolante, com classe de tensão até 36,2 kV, monofásicos ou trifásicos, novos ou usados.
Fonte: Equipe Target 16/03/2022
Postado: Eng. Elet. Vanderlei Felisberti
Para ser transportado, o transformador deve ser desmontado o mínimo possível e, sempre que possível, deve seguir completamente montado. Se desmontado, seus acessórios e componentes devem ser embalados de modo a assegurar que durante o percurso não ocorram avarias ou danos que possam alterar as condições de projeto e desempenho, bem como devem ser identificados de maneira clara, indelével e rastreável.
Condições especiais para o transporte do transformador, estabelecidas pelo comprador ou pelo fabricante, devem ser antecipadamente informadas ao responsável pelo transporte e rigorosamente seguidas. Como os transformadores com colchão de ar (sem conservador) já saem de fábrica selados com ar ambiente ou nitrogênio, durante o transporte não demandam preenchimento de gás seco.
As instruções para o transporte do transformador devem ser atendidas, bem como as limitações de peso total e peso por eixo, altura, largura e raios de curvatura para o trajeto a ser realizado. O transporte de transformadores com líquido isolante deve ser realizado preferencialmente com o transformador completamente preenchido, com o seu nível normal de operação.
Quando o transformador for transportado parcialmente preenchido com líquido isolante, o nível do óleo isolante deve ser tal que cubra no mínimo a parte ativa, e as partes sem líquido isolante devem ser preenchidas com uma camada de gás seco a uma pressão relativa entre 0,15 kgf/cm² e 0,30 kgf/cm², à temperatura de 25 °C. Quando o transformador for transportado sem líquido isolante, o tanque deve ser pressurizado com gás seco, mantendo-se a pressão relativa entre 0,15 kgf/cm² e 0,30 kgf/cm², à temperatura de 25 °C.
Caso o transformador seja provido de comutador (es) de derivações em carga, o (s) alojamento (s) da (s) chave (s) comutadora (s) deve (m) estar em comunicação com o tanque do transformador, para a equalização da pressão entre os compartimentos. De modo a garantir a conservação dos valores de pressão, mediante acordo entre o fabricante e o comprador, deve-se: instalar um sistema de pressurização composto por cilindro (s) acoplado (s) ao tanque por meio de dispositivos que forneçam pressão positiva constante e de um manômetro que permita a verificação da pressão interna do tanque; durante o percurso e antes do recebimento, realizar inspeções no sistema de pressurização de gás para detecção de possíveis vazamentos; a pressão-limite inferior do (s) cilindro (s) de suprimento do gás seco deve ser de 20 kgf/cm².
Atingida esta pressão, este (s) cilindro (s) deve (m) ser substituído (s) por outro (s) de pressão não inferior a 160 kgf/cm² (pressões referidas à temperatura de 25 °C). Mediante acordo entre o comprador e o fabricante, registradores de impacto podem ser instalados para monitoramento do transporte. O dispositivo para registro de impactos deve ser mantido até o descarregamento no local de recebimento. Se os valores medidos ultrapassarem os limites máximos indicados pelo fabricante, este fato deve ser comunicado ao fabricante, para avaliar os resultados e indicar as ações de inspeção da parte ativa.
Sempre que possível, o transformador deve ser descarregado diretamente no local de sua instalação definitiva. Os equipamentos a serem armazenados em almoxarifado devem ter condições de entrega acordadas entre o fabricante e o comprador. Quando for necessário o descarregamento em locais provisórios, deve ser verificado se o local oferece plenas condições de segurança e distribuição de esforços, bem como se é nivelado e limpo. O equipamento não pode ser colocado em contato direto com o solo.
Quando o descarregamento for feito em locais próprios para armazenagem (almoxarifado), devem ser cumpridas as instruções específicas para a armazenagem. Antes do descarregamento, deve ser feita, por pessoal especializado, uma inspeção preliminar no transformador, devendo ser verificadas as condições externas do transformador, acessórios e componentes quanto a deformações, vazamentos de líquido isolante e estado da pintura.
A lista de materiais (romaneio de material) expedida, quando houver, deve ser conferida. Deve ser confirmado o recebimento da documentação técnica, contendo os documentos com as instruções de montagem e armazenagem do equipamento e de seus acessórios, em conjunto com o equipamento. Deve-se incluir também todos os certificados de ensaios e demais documentos técnicos a serem fornecidos, conforme condições estabelecidas entre o comprador e o fabricante.
As ocorrências significativas, verificadas durante o percurso, devem ser devidamente registradas e imediatamente comunicadas ao fabricante e à parte responsável pelo transporte. Todos os serviços de descarregamento e remoção do equipamento, seus componentes e acessórios devem ser executados e supervisionados por pessoal especializado, obedecendo-se às normas de segurança e utilizando-se os pontos de apoio apropriados.
As movimentações devem ser realizadas pelos pontos de içamento, tração e apoios para macacos indicados pelo fabricante. A utilização de outros pontos pode acarretar danos ao equipamento. As movimentações do equipamento devem ser feitas de forma planejada e cuidadosa, evitando-se movimentos bruscos ou paradas súbitas que possam causar danos. Devem ser realizadas com ferramentas, equipamentos e materiais adequados, possibilitando máxima segurança ao pessoal envolvido e ao transformador.
A apresentação do plano de movimentação de carga (rigging) deve ser acordado entre comprador e fabricante, quando aplicável. Caso o transformador esteja equipado com registrador de impacto, este deve estar instalado e operando durante todo o procedimento de descarregamento e movimentação. Para equipamentos transportados com líquido isolante, devem ser realizadas amostragens de óleo conforme a NBR 8840, para análises físico-químicas e cromatográficas de gases dissolvidos para transformadores acima de 300 kVA. Para a as análise físico-químicas em óleo mineral, recomenda-se o uso da NBR 10576 e, para o óleo vegetal, recomenda-se o uso da NBR 16518. A amostragem para a análise cromatográfica deve ser conforme a NBR 7070 e resultados interpretados conforme a NBR 7274 para óleo mineral e a NBR 16788 para óleo vegetal isolante.
Para equipamentos transportados sem líquido isolante, deve-se verificar a pressão do gás seco no tanque e nos cilindros de suprimento. A pressão do tanque deve estar entre 0,05 kgf/cm² e 0,35 kgf/cm² para temperaturas entre 10 °C e 50 °C. Se a pressão residual for inferior ao limite requerido, o equipamento deve ser pressurizado com 0,3 kgf/cm² e mantido por 24 h. Após este período, se houver variação da pressão superior a 0,05 kgf/cm², corrigida em função da variação de temperatura, conclui-se que há um vazamento.
A correção em função da variação de temperatura deve utilizar a lei de Clayperon (lei dos gases ideais), considerando a variação de pressão diretamente proporcional à variação da temperatura, expressa em kelvin (K), conforme a seguir: T2/T1 = P2/P1. No caso da existência de vazamento, este vazamento deve ser localizado e corrigido, se possível, em campo, caso acordado com o comprador.
Caso não seja possível o reparo deste vazamento em campo, o transformador deve retornar para a fábrica, para retrabalho. O intervalo entre a despressurização após o transporte e o enchimento do transformador com líquido isolante deve ser o mínimo possível. O transformador deve permanecer com pressão positiva de ar seco sempre que não houver necessidade de abertura do compartimento interno.
No caso de equipamentos cuja parte ativa seja impregnada com óleo vegetal isolante, deve ser observado um período máximo total de 168 h cumulativamente (horas do equipamento pressurizado com ar seco mais horas de exposição à atmosfera), que pode ser intercalado com períodos de vácuo. Interrupções ocasionais da montagem devem respeitar os períodos de armazenagem. Havendo necessidade de uma inspeção interna, quando da ocorrência de registros de impactos superiores aos limites ou conforme critério do fabricante ou do comprador, por exemplo, para retirada de calços adicionais de transporte, ensaios de rotina com valores fora dos parâmetros especificados ou quando o resultado do ensaio de análise de resposta de frequência indicar essa necessidade, os procedimentos descritos a seguir são indicados.
Em relação à segurança dos mantenedores, recomenda-se observar os termos da legislação vigente e demais normas de segurança pertinentes. O equipamento não pode ser aberto com condições ambientais que possam levar à contaminação da parte ativa, como umidade relativa acima de 70%, temperatura inferior a 0 °C e existência de vento forte, que pode levar material particulado para dentro do equipamento. A temperatura do equipamento deve ser pelo menos igual à do ambiente. Se ela for menor, qualquer penetração acidental do ar ambiente pode provocar condensação de umidade. Segue as tabelas abaixo sobre as recomendações para os transformadores com óleo mineral isolante e para os transformadores com óleo vegetal isolante.
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O equipamento deve permanecer aberto pelo menor tempo possível para realização da inspeção, abrindo-se a quantidade mínima de acessos necessários, se possível, somente um ponto de acesso. No caso de utilização de nitrogênio como gás para transporte, deve-se retirar o gás completamente, fazendo o vácuo até aproximadamente 20 kPa (150 mmHg). A quebra do vácuo deve ser feita com ar seco.
Deve ser aberta somente uma tampa de inspeção. Estabelecer um fluxo de ar seco no sentido tanque-ambiente, durante o tempo de inspeção. Convém que a inspeção seja realizada por uma única pessoa. A pessoa que executa a inspeção deve usar roupa adequada e estar com os bolsos vazios e os sapatos envoltos por sapatilhas.
As ferramentas eventualmente necessárias devem ser amarradas em pontos fixos e conferidas após a inspeção. A fonte para iluminação interna deve ter bateria própria. Outra pessoa deve permanecer no lado de fora do transformador, nas imediações da tampa de inspeção, em contato frequente com a pessoa no interior do tanque, para auxiliá-la.
O inspetor no interior do tanque deve ter o máximo cuidado para que nenhuma parte interna seja danificada, principalmente as partes isoladas. Deve ser inspecionado o seguinte: cabos de ligação, derivações e terminais e seus isolamentos; comutador de derivações sem tensão: alinhamento, acionamento interno e, quando possível, folga, pressão e encaixe dos contatos; comutador de derivações em carga: conexões das derivações para a chave seletora. Em casos específicos: acionamento interno, sistema de transmissão, alojamento (cilindro) da chave comutadora e cabos de conexão para o compartimento.
Deve-se fazer a inspeção visual das isolações acessíveis; o núcleo: verificar se houve deslocamento e as condições de aterramento; os calços e espaçadores: fixação e deslocamentos. Se existirem calços temporários colocados para fins de transporte, eles devem ser removidos. No transformador de corrente (TC), inspecionar os terminais secundários, suportes e fiações.
Nos condutores de ligação às buchas, inspecionar quanto ao isolamento, sistema de fixação, contato com partes aterradas ou de potencial diferente; parafusos e contraporcas: reapertar, se necessário; fundo do tanque: verificar a presença de partículas e/ou objetos desprendidos; blindagens de tanque e componentes: verificar a correta fixação, o contato com partes aterradas, e a existência de deslocamentos.
Recomenda-se que atenção especial seja dada às instruções do fabricante. Quando se tratar de equipamentos em garantia, qualquer ocorrência deve ser comunicada ao fabricante, para que este indique as providências a serem tomadas. Quando o transformador não for colocado em serviço imediatamente, ele deve ser armazenado com líquido isolante em seu nível normal.
Normalmente são especificados dois períodos em termos de armazenagem: inferior a seis meses e superior a seis meses. Para o transporte a partir da fábrica ou oficina de reparo, a contagem do tempo de armazenagem é iniciada após a conclusão da preparação para transporte, antes da expedição. Para períodos de até seis meses, a armazenagem deve ser feita com gás seco ou preenchimento com líquido isolante. Períodos superiores a seis meses requerem o preenchimento total do equipamento com líquido isolante ou mantendo um volume de expansão mínimo que não permita exposição da parte ativa, e pressurizando com gás seco.